Monday, April 19, 2010

Saudades


Vim aqui matar saudades e ver o que aconteceu aos meus amigos bloguista de então.
Depois lembrei-me de postar mais um quadro do Jorge.
A vida? Pois! É como na poesia do António Gedeão:

Aqui não há nada Cibele
a não ser uma alameda estreita
com resques de flores à esquerda e à direita.

As flores são daquelas que eu não gosto,Cibele.
Pretensiosas.
Zínias,dálias, crisântemos, margaridas e rosas.
As flores que eu gosto são das que ningém planta ou semeia,
daquelas que a gente passa e diz; "Olhe,faz-me favor.
Sabe-me dizer como se chama esta flor?"

Não gosto delas, não,
mas à falta de melhor,Cibele
é nelas que cevo a minha solidão.

Todas as manhãs quando aqui passo para as ver
Acaricio-as à flor da pele
e balbucio as palavras que ficaram por dizer.

Assim se vai passando o tempo,Cibele.

Wednesday, March 14, 2007

PRIMAVERA

Saturday, May 27, 2006

DO NATAL (Uma vez mais)















Nasceste há quinze dias e eu escrevi no teu livro que és o meu futuro.

Friday, January 06, 2006

DO AMOR ( uma vez mais)


Quadro de Jorge Ramos

Não posso adiar o amor para outro século
não posso
ainda que o grito sufoque na garganta
ainda que o ódio estale e crepite e arda
sob montanhas cinzentas
e montanhas cinzentas

não posso adiar este abraço
que é uma arma de dois gumes
amor e ódio
não posso adiar
ainda que a noite pese séculos sobre as costas
e a aurora indecisa demore
não posso adiar para outro século a minha vida
nem o meu amor
nem o meu grito de libertação

não posso adiar o coração

(António Ramos Rosa)

Friday, December 30, 2005

DO OUTRO NATAL


( Pediram-me para repetir, mas agora com uma flor)

Subo as escadas aliviado dum longo dia de trabalho e chamo por ti. Não te vejo, mas adivinho que estás a sorrir. Volto a chamar-te e espreito pela porta entreaberta e vejo-te à procura do meu olhar, com o teu sorriso que ilumina o quarto e a minha vida. Aproximo-me e já não sorris, mas ris sonoramente quase à gargalhada. Teus pés e tuas mãos de criança agitam-se de contentamento e eu fico para ali pasmado de alegria. Foi no tempo de eu sentir o encanto de ser pai.
Hoje foste tu a subir as escadas e a trazeres um sorriso diferente. Ficaste a olhar-me e disparaste atenta à minha reacção: “Vais ser avô!” Não disse nada, mas dentro de mim espraiava-se o teu sorriso, como quando era eu a subir as escadas. E o futuro ficou com um significado diferente.

Monday, December 19, 2005

DO NATAL


Quando a manhã chegava iniciava-se um dos dias mais encantatórios das nossas vidas, que naquele tempo era eterna e duma leveza jamais imaginada. Tinha mais luminosidade do que a do sonho e tudo assumia um matiz alucinatório. Era o tempo do frio, das poças de água congelada pelas noites frias, da humidade pendente das folhas das plantas e arvores, da erva molhada ao longo dos carreiros que percorríamos. Mas até isso impregnava a nossa tarefa de alegria e aventura e emprestava magia ao frio nos pés e às pontas adormecidas dos nossos dedos de crianças. A realidade ficava pequena na exuberância do sonho que vivíamos e o mundo era imenso de mistério e de encantamento. Despegávamos o musgo das paredes com o desvelo das tarefas mais importantes da vida, cuidando de deixar tal e qual como o musgo crescia, com outras folhas que por vezes o enfeitavam. E via no rosto dos meus irmãos a mesmo empenhamento e a mesma felicidade, nesta tarefa de exaltação da vida. Vivíamos o nosso afazer como a coisa mais importante do mundo e o maravilhoso espelhava-se nos nossos olhos. Depois era preciso o azevinho com as suas folhas verdes, do verde autêntico como nenhum outro, do único verde verdadeiro que me ficou nos olhos. E reparaste nas incríveis curvaturas das folhas do azevinho, como se fosse possível algumas mãos alguma vez desenharem aquela leveza e suavidade. Não, nunca dei fé que o azevinho tivesse picos mas extremidades finíssimas, onde as suas curvaturas se fundiam, num encontro simplesmente imaginado. E as suas bolas vermelhas, as que deram origem a todos os vermelhos do mundo, porque todos os outros eram matizes deste, eram feitas de uma matéria inventada de beleza, pelo aveludado da sua transparência e pelo brilho que reflectiam nos nossos olhos.
Depois calcorreávamos triunfantes os carreiros que ziguezagueavam os campos verdes, como se caminhássemos nós próprios sobre o verdadeiro presépio da nossa vida.

Sunday, December 18, 2005

DO RECOMEÇO


Para uma saudação muito especial a todos os que tiveram a gentileza de me visitar durante este ano.

FELIZ NATAL